É estranho ver como as meninas de hoje em dia estão cada vez mais precoces. Com maquiagens e usando sapatos com tão pouca idade. Sem contar o cabelo que ás vezes já está tingido e pasmem, na maioria dos casos pela própria mãe.
Eu nunca fui uma criança muito vaidosa, não me acho especial e nem melhor por isso, apenas vivi o que tive que viver no tempo certo. Não pegava os sapatos da minha mãe e saía por aí, muito menos o seu batom. A única coisa que me fazia feliz eram meus brinquedos e eles sempre estavam comigo, para todo o lugar.
Então eu cresci e aprendi o que toda garota deve aprender: Mulher deve ser vaidosa. Nada de sentar com as pernas abertas. Deve se comportar como uma "mocinha". Ser elegante e claro nada mais irresistível do que uma mulher de salto alto.
Lembro muito bem em um dia que cheguei em casa, quando pela primeira vez tinha comprado um sapato do meu gosto pessoal e disse para minha mãe toda animada:
- Olha mãe, dá uma olhada no sapato que eu comprei, não é lindo?
- Um tênis? - Ela respondeu com ar de desdém.
- Sim, um tênis. Super confortável, dá até para passar o dia todo sabia?
Ela apenas fez um sinal de negação e deu de ombros como que pensando: "Fazer o quê? Será que essa menina realmente nasceu de mim?"
Não digo que nunca tentei caro leitor, obviamente que sim. Eu queria ser bonita como a sociedade diz que é. Mas minhas pernas não reagem bem com aquelas agulhas, vai ver na vida passada fui atropelada no meio da rua por deixar meu sapato de 36 cm de salto para trás, nunca se sabe.
Amanhã é meu aniversário e costumo comemorar com pessoas que eu amo, em festas, bares,
Fui na loja tentar comprar algo não tão grande assim, mas também não tão pequeno. (Será que agora minha mãe sente orgulho de mim?). Eis que então me deparo com vários modelos plataformas. "Plataforma deve ser fácil, moleza". Aham, sei.
Pedi para o vendedor para dar uma olhada:
- Qual o seu número?
- 36.
- Que pezão.
- Tua mãe.
(Corta as duas últimas falas, por favor).
Fui sentar esperando ansiosamente pelo meu sapato de princesa. Até que o vendedor chegou. Suspense. Ele tirou os sapatos da caixa. Suspense. Ele colocou no meu pé. Suspense. Eu fui começar a andar e sim, eu parecia um grilo.
- Hum... - o vendedor murmurou.
- É, está meio estranho isso daqui. - Foi tudo que consegui dizer.
- É... - eu sei que ele queria rir.
- Está muito folgado, vou ver outro. - Foi a melhor desculpa que consegui inventar.
Pedi outro sapato para o vendedor, com os saltos bem menores e aparentemente mais confortáveis, ele disse que pegaria aqueles e apontou para outros com os saltos de uns 50 cm, eu sei, ele estava gozando com a minha cara. A propósito o nome dele era Diego. Certamente ele queria que eu me lembrasse. Por que será hein?
Enfim, ele finalmente trouxe os sapatos de salto de 5 cm, me senti confortável e mais uma vez fiz uma escolha onde preferi o meu bem-estar e do meu pé, do que ficar mais bonita ou glamourosa para outrem.
Não me envergonho um minuto sequer disso. Dizem que mulher de verdade não desce do salto. Eu nem sequer sei subir direito em cima dele. E se apenas isso for a maior qualidade para ser "mulher", então ainda bem que não cheguei nem perto.
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